quarta-feira, 6 de julho de 2011

um cordel bobo para você...

ouvi dizer em algum momento tolo
que até mesmo o mais bobo
sabia começar uma rima
sabiá que até se afina
em papel era uma vez
talvez para mim eram duas, três...

não se apegue aos detalhes
não se engrandeça, para que não falhes
apenas ouça o que eu contar
é tudo que importa mencionar
o todo que falta nós já sabemos
essa história fomos nos que escrevemos

dizia-me ela as palavras mais belas
os assuntos lúdicos a luz de velas
gostava eu de passar os dias e tardes
as noites também, ouvindo suas partes
fazia eu, toca-la pelos cantos e aos montes
deitava ela ao meu lado, como amantes

ao meu ouvido de pé
- Ro haihu auîeramanhé
dizia-me ela com uma voz dengosa
de dia era calma e de noite fogosa
de lua era assim que mudava
as vezes nem mesmo eu a encontrava

falava-me dos sonhos que ainda busca
tua luz que jamais ofusca
família quer ter, uma casa rural
velhinha dizia que eu estaria em seu mural
sua força vitoriosa de guerreira
me ensinou a não perder as estribeiras

ontem dizia-me tudo
falava sobre o mundo
completava meu discurso de revolução
não ficava ai parada não
quero ver aquela criança sorrir,
aquele idoso feliz antes de partir

hoje diz-me que nada faz diferença
mudou tanto e cresceu em minha ausência
digo que não perdeu sua enssencia
mas você não quer voltar a adolescencia
ser criança em meu colo por um momento
ser a mulher que eu apresento

dissi-me ela:
- Quero pular de para-quedas!
disse que lá eu estaria
ao seu lado sempre ficaria
que fosse para escalar, para cair
saltar lá de cima e vê-la sorrir

disse palavras pesadas
fiz você dizer de mãos atadas
dos laços, fiz nós apertados que fosse
não deixei livre a beleza que me troxe
disse-me ela: - Bebê (ainda que não mais na idade)
digo a você: que sinto saudade
(David Meireles)

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