sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Por Sons que Agem (Personagens)


... Olho no espelho as rugas de tantas aflições
A tinta, o pó, a pele pinta no rosto as minhas emoções
O fim da peça, o que me resta a saudação de pé no chão
Inteiros, metades iguais... se juntam às minhas façanhas finais
Me apareço e me apresso, de uma lembrança partida
E me convoco a evocação de meus olhares alheios, eternos e atentos
Me comprimento de mão em mão e me faço mérito dos meus talentos
Daqui de dentro; sou todos eles e acredito que todos sou eu
Esquizofrenia dislexa da paranóia anexada na mente de quem viveu

Me apresento então Eu... hoje, simplesmente como você
Mas já fui de um tanto dengo, denso e danço ao longo do tempo
Já fui sonhador, aprendiz de cantador... andarilho de voador
Sumiço de quem criou, acorde de quem inventou... Fui menino de repente
Fui criança para sempre, fui agente de tanta gente... pacificador do que sente
Um dia um Pirata me deixou a moeda, na sorte me lancei e mares naveguei
Outro nesse, me vinguei, fui ator e atuei... Andei, me desfiz de tanta retenção, da prisão
Fui viver, Cigano, El Mariachi, desatado das cordas... e me ‘acordoei’ nas vozes
Vocalização de violão, com corpo de Eva, lirismo de Adão... Me fiz Amante
Paixão... e todas me levavam o Coração, pra mais de mil ou cem em um milhão...
Don de lá, de cá, Revolução! Correria de artesão, pintor do sertão e aqüífero da multidão
Fui inventado, e me desenhei, passei e como passa a paz do ser? Não sei.
Em preto e branco, em linha de algodão, de chapéu e luva nas mãos
De nariz vermelho e cabelo azul, de tanta coisa me vesti nesse palco em vão
Sei não... Se não, quem me viu apresentar, presença e aplauso de um vago
Escasso, desfaço o laço da cortina e a doutrina me ‘laceia’ n’outra vez...
... D’outro modo me satisfaz a vivencia comigo mesmo, e a sobrevivência que sigo amigo
E a mentira que me corroe e me liberta, que corrige e me afeta a alma, me faz sorri
Pra me divertir, fazendo acreditar que tu acredita no que me condiz... decreto que se diz
Veraneio, desavença de Eu com tu e ele ao mesmo tempo que nós nos apresentemos
Espero o espelho desembaçar, e o palco clarear... pra poder me despedir daquele que está
Um tanto quanto calmo, no canto a esboçar... minha cara de final e alegre a despertar
Que acredita no meu nome, hoje agora e sempre... como homem de que conta o ponto aumenta a frente, mas não mente...
E depois da máscara que eu ponho na mesa, minha marca se opõe a mesma
Me assento na cadeira e um dia tento ser menos personagem que eu sou
Olho para o palco e imagino algo que alguém mostrou
Que na verdade, a verdade somente na mentira não mente no ver a idade
Mas sente no ser a metade, não vende a verdade de ver mente e coração
E eu me perco na cidade do ser real ou imaginação ...
(D.J.N.Meireles.:)

Nenhum comentário:

Postar um comentário