quarta-feira, 29 de junho de 2011

Constância a mulher inconstante

sabe quando se tem um ar de vontade
e nada te faz esperar na cama?
sai de encontro com o tarde
e só volta ao encontrar quem se ama?

foi quando Constancia eu conheci
que era bela de sorriso calmo
e aquele olhar do qual nunca me esqueci
e só pra ela eu disso... amo

mas que Constância era assim não há de ser nada
o que lhe tinha diferente? Era descontrolada
em alguns dias se portava como dama
outros lá que iam cavalgando
de vez, fazia cara de mansa, mas que fama...
Constância era um ser por ai vagando

deitava sobre os braços e poeticamente sonhava
e de ódio a minha frente ela até chorava

desnuda ela sentia o ardor da água no corpo
e o suspiro meu que lhe arrepiava aos poucos

e do nada, apenas por mudar
ela se irritava com algum ato
queria se isolar
e nada falava sobre fato

Constância as vezes sonhava ao meu lado
eram sonhos de se realizar por inteiro
e quando dormia trocava de lado
e eu dizia que era perfeito...

mas Constância nunca foi assim
quieta parada
tinha um tesão pela palavra
"liberdade"
e sem ela era o fim

é, sem ela foi o fim de mim
ah sim!

aprendi muita coisa andando torto com a moça
aprendi a acertar o paço e ser menos grosseiro
aprendi a crescer mais, e que Deus me ouça
tenho tanta coisa pra aprender
que peço a ele pra não me inverter

conheci Constância de um jeito sem igual
e mesmo tão incerta do dia, da opinião
ela era firme em si e bastante natural
nada era forçado, nem fingida era sua emoção

havia dias em que ela me surreendia que me pasmava
outros, se aquietava sem dizer algo, apenas curtindo
o pouco som e descanso que tanto amava
e ainda sim haviam dias que ela me enlouquecia, indo...

quando voltava era mais radiante que de tarde
era mais adiante que andava metade...

tão inconstante a jovem que não a saberia descrever aqui
tão correta de tudo que não poderia deixa-la ir
e por isso a perdi... por não deixa-la por ai
até a saudade vir

mas sei que Constância mesmo assim ainda me carrega
e quando se perde tão longe, me toca em segredo
e para um instante pra me ver dormir, e rega...
nossa flor de algodão, de doce de rosa, pra destrair o medo

criatura que em dias se encontra de cama e de sofá
que da beijinhos em meio ao público
mas se agarra a Sol e Fá
fica contente com presentes e feliz andando pelo parque
há quem diz que era doida como Joana d'Arc
e mesmo assim, contente estava a te enxergar

Mas, se querem saber, não sei por qual caminho se encontra tal persona
e talvez não saiba de jeito algum
mas acredito que avisto ela novamente
por qualquer lugar, que seja todos ou apenas um
Constância há de me achar minha gente...

meu coração ainda carrega em teu colo o seu amor
risco meu braço com o amar que me deixou
(David Meireles)

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